É já do senso comum que o caro nem sempre é bom, nem o barato é sempre péssimo. Vivemos numa sociedade em que o apelo ao consumo assume às vezes proporções desmedidas e os preços são inflacionados ou deflacionados conforme for mais conveniente, independemente da qualidade dos produtos comercializados. As grandes empresas que controlam o mercado chegam ao ponto de vender abaixo do preço de produção se isso for necessário para alcançar determinados objetivos financeiros. Mais do que uma técnica de vendas, o "dumping" tornou-se nestes últimos anos uma autêntica arma de manipulação e controlo dos mercados e, sobretudo, dos consumidores (todos nós), de forma a garantir sempre o máximo lucro possível. À custa, claro está, dos recursos naturais e da sustentabilidade do planeta.
Esta técnica do "dumping" parece ter chegado agora aos medicamentos e à saúde pelas mãos do governo. Claro que as grandes farmacêuticas sempre tiveram nas mãos o controlo apertado dos mercados garantindo assim lucros desmedidos. Chegam ao ponto de recusar baixar os preços de determinados medicamentos essenciais para o tratamento de doenças como a SIDA em países pobres, para que ninguém seja tentado a fazer o mesmo nos países mais ricos. Os genéricos são a tentativa de contrariar esse monopólio, o que me parece bem.
Já tenho mais dúvidas é perante decisões como a que foi sintetizada pelo secretário de estado da saúde, Óscar Gaspar, desta forma: «A ideia é atribuir ao cidadão a capacidade de escolher os medicamentos mais baratos dentro da terapêutica que o médico prescreveu» (ler notícia aqui).
Mais grave ainda é que, se o utente não quiser levar o medicamento mais barato é desde logo penalizado porque «Não ficará com a comparticipação de acordo com aquele medicamento específico. Ficará com a comparticipação de acordo com o preço de referência dos medicamentos daquele grupo terapêutico».
Para além de ser uma forma muito óbvia e muito pouco democrática de imposição da medida à classe médica por via das dificuldades financeiras dos doentes, sobretudo dos idosos, levanta-me uma outra questão, para mim, mais pertinente e perturbadora: e o tal medicamento mais barato de todos os que existem no mercado continua a ser também o mais eficaz para o tratamento a que se destina?
De certeza?
Não haverá nisto tudo um certo gato escondido com rabo de fora, isto é, muita gente interessada em abocanhar os milhões a perder de vista que este mercado de medicamentos garante? As notícias sobre esta guerra surda são escassas, mas lá vão aparecendo de quando em quando, como esta por exemplo. E, além disso, as farmacêuticas aceitarão de bom grado a ideia de, repentinamente, perderem assim tantos milhões (300) em favor do estado? Não tentarão sequer retaliar com os meios à sua disposição (e são muitos): custosos processos judiciais, retirada de certos medicamentos do mercado nacional, atrasos na introdução de medicamentos inovadores, etc, etc. (ler notícia aqui)
Mas, com estas novas medidas do governo, quanto tempo faltará para aparecerem nas farmácias portuguesas medicamentos contrafeitos, em tudo semelhantes aos que se vendem na net? É que esses também são muito mais baratos. Às tantas até são eles os mais baratos do mercado...
E que tal também uns saldos e uma promoções do tipo: leve três caixas de paracetamol indiano ou chinês e pague só duas. Ou então, venda de medicamentos ainda mais baratos por aproximação do fim do prazo de validade.
Esta técnica do "dumping" parece ter chegado agora aos medicamentos e à saúde pelas mãos do governo. Claro que as grandes farmacêuticas sempre tiveram nas mãos o controlo apertado dos mercados garantindo assim lucros desmedidos. Chegam ao ponto de recusar baixar os preços de determinados medicamentos essenciais para o tratamento de doenças como a SIDA em países pobres, para que ninguém seja tentado a fazer o mesmo nos países mais ricos. Os genéricos são a tentativa de contrariar esse monopólio, o que me parece bem.
Já tenho mais dúvidas é perante decisões como a que foi sintetizada pelo secretário de estado da saúde, Óscar Gaspar, desta forma: «A ideia é atribuir ao cidadão a capacidade de escolher os medicamentos mais baratos dentro da terapêutica que o médico prescreveu» (ler notícia aqui).
Mais grave ainda é que, se o utente não quiser levar o medicamento mais barato é desde logo penalizado porque «Não ficará com a comparticipação de acordo com aquele medicamento específico. Ficará com a comparticipação de acordo com o preço de referência dos medicamentos daquele grupo terapêutico».
Para além de ser uma forma muito óbvia e muito pouco democrática de imposição da medida à classe médica por via das dificuldades financeiras dos doentes, sobretudo dos idosos, levanta-me uma outra questão, para mim, mais pertinente e perturbadora: e o tal medicamento mais barato de todos os que existem no mercado continua a ser também o mais eficaz para o tratamento a que se destina?
De certeza?
E quem é que nos garante isso? O Estado?! A sério?!
Não haverá nisto tudo um certo gato escondido com rabo de fora, isto é, muita gente interessada em abocanhar os milhões a perder de vista que este mercado de medicamentos garante? As notícias sobre esta guerra surda são escassas, mas lá vão aparecendo de quando em quando, como esta por exemplo. E, além disso, as farmacêuticas aceitarão de bom grado a ideia de, repentinamente, perderem assim tantos milhões (300) em favor do estado? Não tentarão sequer retaliar com os meios à sua disposição (e são muitos): custosos processos judiciais, retirada de certos medicamentos do mercado nacional, atrasos na introdução de medicamentos inovadores, etc, etc. (ler notícia aqui)
Mas, com estas novas medidas do governo, quanto tempo faltará para aparecerem nas farmácias portuguesas medicamentos contrafeitos, em tudo semelhantes aos que se vendem na net? É que esses também são muito mais baratos. Às tantas até são eles os mais baratos do mercado...
E que tal também uns saldos e uma promoções do tipo: leve três caixas de paracetamol indiano ou chinês e pague só duas. Ou então, venda de medicamentos ainda mais baratos por aproximação do fim do prazo de validade.
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