Estamos sempre na encruzilhada.
Cada dia é vários caminhos
Possíveis.
Cada hora é mais que uma estrada.
Nós, os sozinhos
De nada.
Nem escolhemos, nem queremos:
Vamos...
E, seja a via pelo areal que vemos
Ou na floresta pela qual andamos,
Vamos para onde não sabemos,
E não sabemos onde estamos.
E a cada hora, a cada hora,
Há que virar para a direita ou esquerda
Segundo uma lei que se ignora
Ou um impulso cujo instinto se não herda.
Sempre tantos caminhos!
E nós, sem tempo para os escolher,
Apressados, ignaros e sozinhos,
Tomamos o que tem que ser.
Se é bom, se é mau o por onde ir,
Ninguém o sabe ou saberá...
Tudo é não saber e seguir:
O resto Deus dará, ou não dará.
25-8-1934
Fernando Pessoa, in Quadras e Outros Cantares, 1997
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