Com a abertura dessa autêntica corrida ao ouro que é a campanha eleitoral que se aproxima as máquinas da propaganda partidária começam já a aquecer as turbinas e a tentar medir a temperatura do eleitorado na tentativa óbvia de testar a receptividade daqueles que serão depois os grandes slogans da corrida eleitoral. Sinal evidente disso mesmo foi a recente renovação de outdoors, especialmente junto às rotundas um pouco por todo o lado. O Bloco de Esquerda foi, aliás, dos primeiros a fazê-lo.
O outdoor colocado há meia dúzia de dias tem, sobre um fundo vermelho, uma frase em letras garrafais que diz - "Com o FMI quem paga és tu” -, à qual se segue a afirmação: "Há alternativa: governo de esquerda".
Ora eu acho que esta autêntica pérola da argumentação político-partidária só pode significar uma de duas coisas: ou os iluminados do BE acham que somos todos tolinhos e ainda não perceberam que já todos estamos fartos de saber que NÓS é que pagamos, de qualquer maneira, com ou sem FMI. Ou então acham que é desta que chegam ao governo.
Ainda que o FMI não viesse quem é que, de qualquer forma, teria que pagar a colossal dívida externa do país, a não ser nós e os nossos filhos, netos, bisnetos, trinetos, tataranetos...? Ou quererá isto dizer que, se votarmos no Bloco de Esquerda e este chegar ao governo se acaba o FMI e, sobretudo, não seremos nós a pagar a dívida externa? Com uma vantagem suplementar para o BE (que o PS espera também aproveitar ao máximo): é que o ónus dos sacrifícios vai ser empurrado para as costas largas do FMI. Eles é que nos obrigaram, caso contrário a segunda tranche o dinheiro não vinha... Aliás, que momento conveniente para marcar eleições antecipadas, assim em jeito de quem passa uma esponja sobre os erros do passado e espera (re)começar tudo do zero, fazendo votos para que à terceira seja de vez e tudo corra pelo melhor, é claro. Mas será que esta gente acha que o povinho é assim tão estúpido e ainda acredita no bicho-papão?
Certo, certo, é que, com este tiro no pé, a coisa começa mal (e ainda nem sequer começou verdadeiramente). E se são estas as ideias que se apresentam como alternativa ao desvario do (des)governo que nos conduziu a este beco sem saída, então o Sócrates bem pode começar já a refrescar o espumante com que brindará em privado com os seus boys e girls dilectos numa suite do Altis logo à divulgação das primeiras projecções eleitorais.
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