Imagem retirada do jornal Público
Como são lindos os anúncios de natal! Como estão cheios de gente bonita, bem sucedida, rica e feliz, muito feliz! Sugerem imperativamente que compremos jóias, perfumes, roupas de marca, whiskies, bons vinhos, carros ou o último grito em tecnologia. Mostram famílias com várias gerações reunidas em harmonia e alegria.Têm casais que trocam olhares apaixonados e gestos carinhosos. Pelo meio, divulgam as habituais campanhas de solidariedade para os coitadinhos do costume. Revelam crianças que brincam e correm por toda a parte, felizes. Povoam-lhes as fantasias com personagens mágicas. Transbordam de mesas requintadas e fartas, em salas magnificamente decoradas onde, na lareira, crepita sempre, mas sempre, um fogo reconfortante. Publicitam lojas e centros comerciais cheios de gente alegre que compra, compra como se não houvesse amanhã ou como se a felicidade estivesse em promoção. Assim uma espécie de animado Christmas Can-Can, como na canção dos Straight no Chaser:
Os anúncios de natal mostram como os nossos desejos mais secretos estão ali, mesmo ao nosso alcance. Se calhar até em campanha especial de natal, com desconto até 40%! São lindos estes anúncios de natal. E só há anúncios, luzes e música de natal por todo o lado!
Pena é que Natal, propriamente dito, não haja tanto assim. Acho até que, Natal, é o que menos há por todo o lado, sobretudo nos rostos sérios, fechados ou cansados com que me cruzo na rua. Pena é que, a cada ano que passa, o Natal seja cada vez mais o dos anúncios e menos o das pessoas e das emoções que as deviam (re)unir.
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