Lá fora o temporal. O vento parece querer empurrar a casa para outro lugar qualquer, como quem desloca um móvel pesado e quase uiva de raiva por não o conseguir. A água escorre pelos estores em bátegas violentas. O som é tão forte que, por momentos, parece que a casa, afinal, é um barco à mercê de ondas furiosas. Sinto-me quase como um marinheiro a quem foi dada licença para ir a terra. Por isso, amanhã logo cedo faço a mala e desembarco em casa dos meus pais. Não haverá qualquer celebração natalícia, ficaremos apenas quietos e mudos à espera que a tempestade amaine.
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