O Hernâni, o Jorge e eu, velhos companheiros de armas dessa espécie de busca do graal que é encontrar/comprar o livro que ainda não temos, mas queremos muito ter, combinámos ir a Évora, um destes dias, para assistir ao lançamento de um livro de autor nosso conhecido.
Chegados à Biblioteca Pública pelo fim da tarde, deparámo-nos com a porta fechada. Mais estranho ainda era o facto de, à hora prevista para o início do evento, todas as luzes do edifício estarem apagadas. Depois de alguns minutos de espera inútil, o Hernâni - um intempestivo que faz e diz tudo a fundo - resolveu dar uns valentes murros na imponente porta, mas em vão. Como não houve resposta e, felizmente para nós, a porta não soçobrou à força bruta que lhe foi aplicada, levantou-se a hipótese de ter havido algum equívoco. Claro que isto foi dito em tom de estranheza e quase a meia voz, não fosse o Hernâni melindrar-se pois, nestas coisas dos livros, não costuma falhar! Depois de mais uns minutos de hesitação, encaminhámo-nos para a Praça do Giraldo e, como se não houvesse amanhã, entrámos apressados na Livraria Nazareth à procura de respostas. As funcionárias, já conhecendo o trio, nem sequer estranharam muito a pergunta. Ou, pelo menos, não o demonstraram. Uma delas foi verificar a agenda online: afinal o lançamento só decorreria dali a duas semanas e tinha um número em comum na data – o seis –, daí a confusão. Nem valia a pena dizer mais nada, mesmo porque, nesta altura, o Hernâni já não estava para graças.
Para que a viagem não fosse de todo em vão, embrenhámo-nos nos apinhados e estreitos corredores da livraria, cada um dirigindo-se para a área temática que mais lhe interessava. A escassos minutos do encerramento da loja, olhei em volta e não vi nenhum deles. Desci. Cá fora, encontrei o Hernâni já à minha espera. Enquanto me mostrava o livro que tinha comprado, duas funcionárias saíram da loja e uma delas fechou a porta. De repente, apercebemo-nos da ausência do Jorge. Como não eram as funcionárias da livraria, concluímos que ainda devia estar lá em cima, provavelmente esquecido das horas, e decidimos esperar, achando que não tardaria a ser convidado a sair. Contudo, os minutos passavam e o nosso amigo não aparecia. Foi então que as duas empregadas da livraria saíram, trancando a porta. Alarmados com a possibilidade de o Jorge ter ficado esquecido na loja (hipótese não tão estapafúrdia assim, tratando-se do nosso distraído amigo), questionámos de imediato as senhoras que, nesta altura, olharam para nós com a expressão de quem duvidava já do bom estado da nossa sanidade mental. Garantiram-nos que o Jorge tinha saído bem antes de nós e viraram-nos costas. Ficámos os dois, aturdidos, sem saber o que pensar, nem o que fazer. Do Jorge nem sinal. Não havia mais remédio senão esperar.
Para que a viagem não fosse de todo em vão, embrenhámo-nos nos apinhados e estreitos corredores da livraria, cada um dirigindo-se para a área temática que mais lhe interessava. A escassos minutos do encerramento da loja, olhei em volta e não vi nenhum deles. Desci. Cá fora, encontrei o Hernâni já à minha espera. Enquanto me mostrava o livro que tinha comprado, duas funcionárias saíram da loja e uma delas fechou a porta. De repente, apercebemo-nos da ausência do Jorge. Como não eram as funcionárias da livraria, concluímos que ainda devia estar lá em cima, provavelmente esquecido das horas, e decidimos esperar, achando que não tardaria a ser convidado a sair. Contudo, os minutos passavam e o nosso amigo não aparecia. Foi então que as duas empregadas da livraria saíram, trancando a porta. Alarmados com a possibilidade de o Jorge ter ficado esquecido na loja (hipótese não tão estapafúrdia assim, tratando-se do nosso distraído amigo), questionámos de imediato as senhoras que, nesta altura, olharam para nós com a expressão de quem duvidava já do bom estado da nossa sanidade mental. Garantiram-nos que o Jorge tinha saído bem antes de nós e viraram-nos costas. Ficámos os dois, aturdidos, sem saber o que pensar, nem o que fazer. Do Jorge nem sinal. Não havia mais remédio senão esperar.
Encostámo-nos ao enorme pilar da arcada, mesmo em frente da livraria. Ao fim de um tempo que pareceu interminável, já cansada, decidi dar uns passos para desentorpecer os pés. Contornei o pilar e, placidamente encostado do outro lado, estava o Jorge, à nossa espera: “Já estava a pensar que tinham ficado trancados na livraria”, disse ele em tom casual. Nem cheguei a abrir a boca, pois o Hernâni soltou logo ali o vozeirão tonitruante: “Ó seu...!!!”. Enfim, “muito barulho por nada”, pois o alívio de sabermos o Jorge são e salvo derivou em gargalhadas que ecoaram na Praça durante uns bons minutos, para espanto dos transeuntes apressados.
Por fim, o Hernâni declarou solenemente que, para se compensar de tanta frustração, só mesmo jantando um bife no Café Arcada, mal passado, afogado num bem temperado molho (daqueles que deixam valentes nódoas na gravata) e uma garrafa de tinto! Mas o Jorge, vegetariano convicto há cinquenta anos, não foi na conversa. E lá regressámos a casa com uma única certeza: dali a duas semanas estaríamos de volta, nem que chovessem canivetes! É que, com tanta peripécia, este livro já parecia um daqueles objectos preciosos, saídos de um filme do Indiana Jones: tínhamos que o alcançar a todo o custo!
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