A propósito da relutância dos finlandeses em contribuir para a colecta europeia que há-de ajudar Portugal (como se ela nos saísse de graça), uns habilidosos ligados à câmara de Cascais (este pormenor é sempre referido de cada vez que se fala do vídeo, mas ainda não percebi muito bem a razão) fizeram um vídeo totalmente escrito e falado em inglês que tem feito furor aí nas redes ditas sociais.
É um vídeo que, não ofendendo ninguém, é assumidamente faccioso e muito galaró (como muito bem diz o Miguel Esteves Cardoso) que, a pretexto de "esclarecer" os finlandeses pretende, cá para mim, chegar sobretudo aos portugueses. Tudo isto sempre num tom positivo, bem-disposto, muito tu-cá-tu-lá pouco habitual em nós. É óbvio que as discussões técnicas e sérias sobre a identidade nacional não passam propriamente por aqui e a discussão sobre o que é o patriotismo também não. Nem me pareceu, em nenhum momento que fosse esse o objectivo dos autores. Agora, que uma saudável discussão anda no ar, lá isso é bem verdade. E só por isso já valeu a pena tê-lo feito.
Este vídeo é também o bom exemplo de uma certa forma portuguesa de encarar a adversidade: não com a sofrida e calada resignação com que alguns - até nós próprios - às vezes nos acusam, mas com uma fina ironia e um sentido de humor notáveis.
Fez-me lembrar um postal que adquiri em Londres na década de 90, no qual os ingleses, que sempre desconfiaram (e desconfiam) da UE, brincavam assim com uma certa ideia da Europa, explorando os principais defeitos de cada povo (português incluído, pois então):
J. N. Hughes-Wilson |
Como portuguesa, não me senti minimamente ofendida. Bem pelo contrário, achei que havia uma saudável e perspicaz (auto-)crítica no cartoon e ainda hoje guardo o postal. De outra forma não poderia ser posto aqui.
E julgo que é sobretudo isso que se passa com o vídeo dedicado aos finlandeses: uma saudável provocação feita a ambos os lados da barricada. Aliás, o próprio ministro finlandês dos Negócios Estrangeiros, Alexander Stubb, certamente já cansado de receber links do vídeo via mail, declarou no Twitter: "I think it's a funny video. Not to be taken too seriously - especially if you're a Finn." Enfim, nada como um pouco de bom-senso para colocar as coisas em perspectiva. Porém, face às últimas declarações do primeiro-ministro inglês, parece-me que vai ser necessário fazer mais uns quantos dedicados a seduzir/provocar outros prováveis benfeitores europeus.
E julgo que é sobretudo isso que se passa com o vídeo dedicado aos finlandeses: uma saudável provocação feita a ambos os lados da barricada. Aliás, o próprio ministro finlandês dos Negócios Estrangeiros, Alexander Stubb, certamente já cansado de receber links do vídeo via mail, declarou no Twitter: "I think it's a funny video. Not to be taken too seriously - especially if you're a Finn." Enfim, nada como um pouco de bom-senso para colocar as coisas em perspectiva. Porém, face às últimas declarações do primeiro-ministro inglês, parece-me que vai ser necessário fazer mais uns quantos dedicados a seduzir/provocar outros prováveis benfeitores europeus.
Acrescento ainda um outro aspecto associado ao vídeo que não me parece ser despiciendo: é que, infelizmente, há muitos portugueses, sobretudo os das gerações mais jovens, os tais que se dizem "à rasca", (mal)formados num sistema educativo marcado por uma permissividade e por um facilitismo (e eu bem sei do que falo, pois sou professora) gerador das mais grosseiras formas de ignorância para quem muitas destas datas e informações são absoluta novidade. Só por isso já valeu a pena ter feito este vídeo, pois também ele é educativo para muitos portugueses, apesar de ser faccioso, galaró, etc, etc. Sugiro até que os próximos tragam a seguinte expressão acrescentada ao título: "e os portugueses também".
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