O que eu acho extraordinário neste documentário é que alguém - no caso a equipa de realizadores - queira fazer passar a ideia de que os desgraçados mais desgraçados de todos - aqueles que, para sobreviver, se vêem forçados a catar lixo num aterro maior que muitas das nossas cidades - são, afinal, artistas e o trabalho que fazem - catar o lixo do outros - é uma forma radical de arte. Tudo isto a pretexto do trabalho - meritório, refira-se - do artista plástico Vik Muniz. Méritos à parte, o pressuposto não é apenas hipócrita, é cínico.
Catar lixo, ainda que seja para depois fazer arte, que eu saiba, nunca foi nem nunca há-de ser uma espécie de método de auto-ajuda ou de salvação, menos ainda uma espécie de escada para ascender na pirâmide social. É que os desgraçados deste mundo, por mais arte que façam com o lixo que eles próprios catam a céu aberto, nunca passarão disso mesmo: de desgraçados. Aqui, julgo que dificilmente a arte pode fazer a diferença. Ainda que seja, como esta, extraordinária. O que poderia realmente fazer a diferença seria uma outra sociedade, na qual todas as pessoas tivessem o mínimo necessário para sobreviver com dignidade, sem precisarem catar a sua sobrevivência no lixo. Tudo o resto são boas intenções. E disso, dizem, até o inferno está cheio, quanto mais um simples documentário.
Decididamente, este Lixo Extraordinário não me convenceu lá muito, não.
Catar lixo, ainda que seja para depois fazer arte, que eu saiba, nunca foi nem nunca há-de ser uma espécie de método de auto-ajuda ou de salvação, menos ainda uma espécie de escada para ascender na pirâmide social. É que os desgraçados deste mundo, por mais arte que façam com o lixo que eles próprios catam a céu aberto, nunca passarão disso mesmo: de desgraçados. Aqui, julgo que dificilmente a arte pode fazer a diferença. Ainda que seja, como esta, extraordinária. O que poderia realmente fazer a diferença seria uma outra sociedade, na qual todas as pessoas tivessem o mínimo necessário para sobreviver com dignidade, sem precisarem catar a sua sobrevivência no lixo. Tudo o resto são boas intenções. E disso, dizem, até o inferno está cheio, quanto mais um simples documentário.
Decididamente, este Lixo Extraordinário não me convenceu lá muito, não.
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