terça-feira, 10 de maio de 2011

Sim, e porque não um poema de amor?

Sobretudo se ele usar, de facto, a linguagem do amor. Aquelas palavras que nos entram pelos olhos dentro exactamente como o sol quente da tarde entra pelas janelas abertas e inunda a casa de luz brilhante e quente ao mesmo tempo. 
Sobretudo se, mais do que um poema, for quase um belísssimo metapoema de amor.

Paráfrase

Este poema começa por te comparar
com as constelações,
com os seus nomes mágicos
e desenhos precisos,
e depois
um jogo de palavras indica
que sem ti a astronomia
é uma ciência infeliz.
Em seguida, duas metáforas
introduzem o tema da luz
e dos contrastes
petrarquistas que existem
na mulher amada,
no refúgio triste da imaginação.

A segunda estrofe sugere
que a diversidade de seres vivos
prova a existência
de Deus
e a tua, ao mesmo tempo
que toma um por um
os atributos
que participam da tua natureza
e do espaço criador
do teu silêncio.

Uma hipérbole, finalmente,
diz que me fazes muita falta.

Pedro Mexia, in Menos por Menos - Poemas Escolhidos, Dom Quixote, 2011

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