sexta-feira, 10 de junho de 2011

Lápide

Luís Vaz de Camões.

Poeta infortunado e tutelar.
Fez o milagre de ressuscitar
A Pátria em que nasceu.
Quando, vidente, a viu
A caminho da negra sepultura,
Num poema de amor e de aventura
Deu-lhe a vida
Perdida.
E agora,
Nesta segunda hora
De vil tristeza,
Imortal,
É ele ainda a única certeza
De Portugal.

Coimbra, 11 de Janeiro de 1980

Miguel Torga, in "Diário XIII", 1983;
"Poesia Completa", 2000

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