quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ressaca eleitoral - II

Os (tele)jornais descobriram agora as troikomedidas que nos vão esvaziar os bolsos daqui em diante e passam a maior parte do tempo a azucrinar-nos a paciência com elas: são 200 a implementar até ao final do ano. Isto para começar. Só nos falta saber se as duas centenas já divulgadas não escondem outras tantas por enquanto ainda só conhecidas no recesso dos gabinetes ministeriais onde as negociatas político-partidárias decorrem a bom ritmo (dizem-nos também).

Julgo que é caso para lamentar o final da campanha eleitoral, período em que os candidatos, numa clara manifestação de sensibilidade e consideração para connosco, tiveram o cuidado de nos poupar a este duro choque de realidade. Deixaram a desagradável tarefa para os media. Eles (os políticos) convocarão depois uma conferência de imprensa para explicar ao país que, afinal, foram forçados pela conjuntura internacional (sempre ela), que os mauzões do FMI (sempre eles), que a senhora Merkel, que a UE, que a Grécia, que... etc, etc. Enfim, tudo razões de peso para justificar o que vem a caminho.  Ninguém, e muito menos eu, consegue ainda visualizar bem o impacto real que isto terá nas nossas vidas. Sobretudo - e apesar da catadupa de notícias, declarações e explicações - ninguém está verdadeiramente preparado para elas.

Na verdade, apesar das más notícias com que nos bombardeiam todos os dias, acho que ainda estou (não estamos todos?) na fase avestrusiana da coisa. Ou como bem dizia o Luís Afonso no seu certeiro Bartoon:

Público, 2/6/2011

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