Há várias coisas que fazem parte da «tradição» nas comemorações do 25 de Abril.
Uma delas, é a pomposa e formalíssima cerimónia na Assembleia da República, onde cada um tenta fazer um discurso auto-promocional mais demagógico que o do vizinho e se esforça, ao mesmo tempo, para não dizer nada de relevante, de chocante e, sobretudo, de alarmante. É que as agências de "rating" e os mercados financeiros que amanhã, logo cedo, retomarão os seus negócios de biliões não gostam de 'ondas'. Tudo muito "politicamente correcto", portanto. Como convém. Mas não é tarefa fácil e deve ser por isso que é sempre entregue aos mais "experientes" do hemiciclo...
A outra é, também desde há muitos anos, perguntar às pessoas anónimas que circulam na rua ou a figuras mais ou menos públicas/conhecidas: «onde estava no 25 de Abril?». E, claro, são cada vez menos os que têm, de facto, algo de interessante e relevante para contar. Até porque os que fizeram a Revolução 'por dentro' nunca foram muito numerosos. O povo que logo começou a festejar nas ruas e praças é que foi imenso, mas quando agora responde à questão dizendo as banalidades que todos já ouvimos vezes sem conta - estava a trabalhar aqui ou ali, ouvi na rádio, o amigo X ou Y telefonou-me a contar, etc, etc - interrogo-me sempre: o que é que isso adiantou na altura? o que é que sabermos isso, hoje, adianta para a questão do que foi o 25 de Abril e quais as suas consequências para o país? Nunca consegui compreender muito bem a utilidade dessa questão, nem como é que ela pode ser relevante para a nossa compreensão colectiva do que foi, de facto, o 25 de Abril, nem do que mudou em Portugal por causa desse dia.
Certo é que no próximo 25 de Abril - malabarismos verbais em pomposos discursos e clichés fatídicos - marcarão novamente presença.
Sem comentários:
Enviar um comentário