O líder de um partido da oposição proclamava ontem, diante de uma pequena multidão de extasiados seguidores, no característico tom empáfio-enfático de macho a marcar o território recém conquistado, que "não há empregos para a vida". E voltava a repetir, como se ninguém tivesse escutado ou, o que para ele é mais provável, entendido à primeira: "não há empregos para a vida". Assim mesmo, pronunciando muito bem cada uma das sílabas. Como se estivesse a dizer uma verdade universal, descoberta pelo próprio desde que se tornou iluminado, ou seja, desde que se tornou líder do seu partido. Coitado, deve pensar que o povinho é estúpido de todo!
É que o povo sente diariamente na pele uma taxa de desemprego de quase 11% e, por isso, já está numa fase mais avançada da coisa: "não há empregos", ponto final. Quanto mais "empregos para a vida"! Na verdade, os que há estão a acabar e quem é que incentiva a criação de novos? Líderes políticos como este? Não me parece.
Parece mesmo é que, em Portugal, neste momento, a única coisa garantida para a vida é termos de aguentar certos políticos que, em regime de permanência ou de alternância, nos lavam o cérebro com todos os detergentes possíveis (medo, ameaça, intimidação, propaganda, demagogia, miserabilism, populismo, autoritarismo, etc.) de modo a conseguirem eternizar-se no exercício do poder e garantirem que nada mudará porque, no fundo, para eles, está bom assim.
As certeiras palavras de Cidinha Campos descrevem bem os políticos que nos governam. Lá para os lados de S. Bento, "os que mamam" devem respirar de alívio só de pensar que ela está lá longe no parlamento brasileiro. Mas lá que os debates quinzenais na Assembleia seriam bem mais animados...
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