Thomas Merton, o escritor norte-americano que em 1941, aos 26 anos de idade, escolheu viver num mosteiro trapista (ou cisterciense) e é hoje considerado um precursor da chamada “teologia da libertação”, reflectiu muito ao longo da sua vida sobre o papel da solidão, tanto para os indivíduos, como para a própria sociedade. Escreveu um dia que “A solidão é necessária para a sociedade como o silêncio para a linguagem, o ar para os pulmões e a comida para o corpo.” pois é ela que permite “desenvolver a vida interior das pessoas”.
Contudo, Merton distinguiu claramente dois tipos de solidão, com consequências individuais também muito distintas: “A falsa solidão é quando um indivíduo, ao qual foi negado o direito de se tornar uma pessoa, se vinga da sociedade transformando a sua individualidade numa arma destruidora. A verdadeira solidão é encontrada na humildade, que é infinitamente rica. A falsa solidão é o refúgio do orgulho, e infinitamente pobre. (...) A verdadeira solidão não tem um eu no centro. Por isso é rica em silêncio, em caridade e em paz. Encontra em si infindáveis fontes de bem para os outros. A falsa solidão é egocêntrica mas porque nada encontra no seu centro, procura arrastar todas as coisas para ela e assim infecta tudo o que toca com o seu próprio nada, provocando a sua destruição. A verdadeira solidão é a que limpa a alma e se abre completamente aos quatro ventos da generosidade. A falsa solidão fecha a porta a todos os homens.
Ambas as solidões procuram distinguir o indivíduo da multidão. A verdadeira consegue, a falsa falha. A verdadeira solidão separa um homem de outros para que ele possa desenvolver o bem que está nele (...)." (In, Na Liberdade da Solidão)
Aqui pelo Sulidão é dessa «verdadeira solidão» que se anda à procura.
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