segunda-feira, 19 de abril de 2010

A perenidade de certos diálogos

Sócrates – Diz-me, Alcibíades, sabes qual é a arte que nos pode tornar melhores do que somos?
Alcibíades – Não sei, não.
Sócrates – Em todo o caso estamos com certeza de acordo num ponto: isso não acontecerá por meio de um arte que conduza apenas à melhoria de uma parte do que em nós existe, mas tem de nos melhorar na totalidade.
Alcibíades – Tens razão.
(...)
Sócrates – Sendo assim, achas que poderemos descobrir a arte de nos tornarmos melhores sem sabermos o que realmente somos?
Alcibíades – Não, isso seria impossível.
Sócrates – Mas... achas que é fácil conhecermo-nos a nós mesmos ou será essa tarefa, pelo contrário, bem difícil?
Alcibíades – Se queres que te diga, Sócrates, muitas vezes pensando nisso, achei essa tarefa fácil para a maior parte das pessoas, mas outras vezes ela parece-me muito difícil.
Sócrates – Difícil ou não, estamos sempre em presença deste facto: conhecendo-nos a nós mesmos podemos, com certeza, tornarmo-nos melhores do que somos, mas se não nos autoconhecermos, isso será impossível.
Alcibíades – O que acabaste de dizer é perfeitamente certo.

Platão, In Alcibíades

Mas hoje, dia de abertura de mais uma semana, estou exactamente como a Mafalda: sei que é importante, talvez até seja urgente, mas não me apetece... Ou, como diria certo "Guardador de Rebanhos", também "Há metafísica bastante em não pensar em nada".
 
Quino, in O Regresso de Mafalda

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