segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A (des)propósito

Todos os frutos têm o seu tempo certo para serem colhidos e saboreados. É nesse ponto exacto da sua maturação, e em nenhum outro, que revelam as suas melhores qualidades – aroma, doçura, sabor, textura – e que proporcionam maior prazer a quem deles desfruta.

São também assim os frutos da paixão, quando colhidos apressadamente, ou quando saboreados já demasiado maduros: não sabem bem e deixam ficar depois um rasto desagradável na memória sensorial. Não apetecem, sequer.

Tal como os frutos da natureza têm a época certa de acontecer e o momento oportuno de serem melhor apetecidos e saboreados, também os frutos da paixão sabem ainda melhor quando conseguem esperar pela feliz, mas pouco provável conjunção que junta o momento mais adequado (e que nada tem que ver com a ideia de uma “idade certa” para fazer as coisas), com as pessoas certas e no ponto exacto do desejo.

Nota: não será por acaso que a palavra paixão integra o nome de alguns frutos em diversas línguas. Por exemplo, no francês, a expressão “fruit de la passion” é usada para nomear o maracujá fruto da passiflora edulis.

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