Nas grandes laranjeiras perfiladas frente às janelas da escola, a chegada do verão significa o início de um ritual diariamente repetido e que se prolonga por toda a estação: à medida que o sol vai desaparecendo no horizonte, centenas de pardais chegam e aprestam-se para passar a noite no abrigo seguro que as árvores proporcionam.
São de tal modo numerosos que a generosa copa das velhas laranjeiras depressa se torna exígua para tantos hóspedes. E é então que começa a algazarra: esvoaçam continuamente, piam sem parar, lutam entre si de forma agressiva para conquistar ou assegurar lugar no ramos. Depois de várias horas, quando a noite já se instalou e parece impossível que as árvores possam acolher mais aves, começam a acalmar-se mas, de repente, a chegada aflita de um retardatário, provoca o pânico e, durante breves instantes, todos esvoaçam em simultâneo, roçando-se nas folhas verdes e soltando pios aflitos. Quando as janelas do gabinete estão abertas o ruído é quase ensurdecedor. Mas tudo termina tão repentinamente como começou e volta um silêncio que, nos instantes iniciais, quase parece estranho. A meio do serão, a paz nocturna apenas é interrompida aqui ou ali por alguns pios mais ténues, que lembram uma queixa, como se algumas aves se lamentassem por não conseguirem adormecer ou, quem sabe, da má vizinhança (talvez alguns dos pardais ressonem, perturbando o sono dos vizinhos mais próximos).
São de tal modo numerosos que a generosa copa das velhas laranjeiras depressa se torna exígua para tantos hóspedes. E é então que começa a algazarra: esvoaçam continuamente, piam sem parar, lutam entre si de forma agressiva para conquistar ou assegurar lugar no ramos. Depois de várias horas, quando a noite já se instalou e parece impossível que as árvores possam acolher mais aves, começam a acalmar-se mas, de repente, a chegada aflita de um retardatário, provoca o pânico e, durante breves instantes, todos esvoaçam em simultâneo, roçando-se nas folhas verdes e soltando pios aflitos. Quando as janelas do gabinete estão abertas o ruído é quase ensurdecedor. Mas tudo termina tão repentinamente como começou e volta um silêncio que, nos instantes iniciais, quase parece estranho. A meio do serão, a paz nocturna apenas é interrompida aqui ou ali por alguns pios mais ténues, que lembram uma queixa, como se algumas aves se lamentassem por não conseguirem adormecer ou, quem sabe, da má vizinhança (talvez alguns dos pardais ressonem, perturbando o sono dos vizinhos mais próximos).
Sempre que, pela janela aberta, observo as vibrações ruidosas da folhagem escura das laranjeiras lembro-me do poema de Ruy Belo:
“Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de frutos dão pássaros
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores”
In Obra Poética
E também de uma certa curta metragem da Pixar: For the birds
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