Vi e ouvi as palavras do candidato presidencial Manuel Alegre na entrevista que deu na passada 4ª feira à RTP1. Pronunciou o candidato algumas frases para mim bastante interessantes e esclarecedoras dos seus verdadeiros intuitos e motivações.
Ora diz ele então que: “Não sou um candidato do PS sou um candidato apoiado pelo PS”. Deve estar esquecido que é um dos militantes históricos do PS e que, mesmo na fase de maior dissonância com o partido, nunca deixou de ser militante, nem de ocupar o seu lugar na respectiva bancada parlamentar. Ou seja, segundo ele, basta substituir a preposição 'do' pela preposição 'pelo' para, na sua perspectiva, mudar tudo. Como se o apoio do PS fosse assim uma coisa de somenos, ou como se ele fosse apenas mais um candidato presidencial apoiado pelo PS nestas próximas eleições. Mais à frente, contudo, acabou por acrescentar que “é muito difícil ganhar uma eleição presidencial sem o apoio do PS”. Ora aí está: ficámos esclarecidos.
Depois, falando da demora do actual presidente em anunciar a sua recandidatura, lá veio com o velho papão de que o PSD continua a alimentar o sonho de ter “um governo, uma maioria e um presidente” e que a sua reeleição poderia ser o primeiro passo para o conseguir, uma vez que, ganha a reeleição, poderia vir a destituir o governo, antecipando a realização de eleições legislativas que poderiam conduzir a uma maioria governativa PSD. E o uso dos verbos no condicional é aqui muito relevante porque tudo isto não passa de conjectura. Isto como se a ambição do PS não fosse exactamente igual à do PSD. Isto como se Manuel Alegre, eleito com o apoio do PS, como ele próprio sublinha com tanta satisfação, não constituísse o terceiro vértice deste tão ambicionado triângulo de poder: presidente, governo e maioria parlamentar. Isto quando ele próprio faz questão de sublinhar que não se candidata “para governar nem para derrotar o governo na primeira oportunidade”, numa clara afirmação, perante os descontentes com o apoio que o PS lhe deu, de que podem ficar tranquilos que ele, Manuel Alegre, não irá pôr em causa o tal triângulo dourado do poder que o PS(D) há tanto tempo ambiciona (se o conseguir alcançar, claro!)
Fiquei também a saber que o candidato presidencial Manuel Alegre, lá do alto pedestal do seu auto-convencimento acha que os seus concidadãos são todos estupidos, coitados!
Já admirei o político Manuel Alegre: pretérito perfeito do indicativo.
Admiro ainda o poeta Manuel Alegre: presente do indicativo. Mas é só.
Admiro ainda o poeta Manuel Alegre: presente do indicativo. Mas é só.
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