Uma noite assim, tão breve, não chega para mitigar a sede da pele já tatuada pelo sol de junho, pois este solstício de verão traz consigo a promessa da plenitude mas não a da saciedade. Além de que, colher os frutos do que ainda não foi plantado, mais do que paradoxal, parece-me improvável.
Porém, se conseguirmos sobreviver à inércia da espera, quando o sol atingir o seu ponto solsticial de dezembro poderemos testemunhar o mágico ritual em que a escuridão nocturna cumpre a estreme promessa da sementeira e da renovação. Aguardemos assim, sem subterfúgios, por esse solstício de inverno para, insones, atravessarmos sem pressa a grande noite até que a manhã límpida irrompa, ansiosa por começar o novo ciclo. Afinal, é de atirar sementes à terra que precisamos, mesmo sem a certeza de que elas consigam entranhar as raízes neste solo agreste.
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