terça-feira, 25 de maio de 2010

Interpoetalidades: a efemeridade

É um dia, um dia só, a vida humana. O Homem
o que é? O que não é? Sombra num sonho
É o Homem. Mas se o deus nos ilumina
na terra brilha a vida
e é doce como o mel.”
Píndaro, excerto da Oitava Ode Pítica
(Trad. de Jorge de Sena)
Quais folhas criadas pela estação florida da primavera,
quando de súbito crescem sob os raios do sol,
assim somos nós: por um tempo de nada, nos deleita
a flor da juventude, sem conhecermos o mal ou o bem que vêm
dos deuses. Ao nosso lado estão as Keres tenebrosas,
uma, detentora da velhice medonha,
a outra, da morte. Pouco dura o fruto da juventude
- o tempo de o sol derramar a sua luz sobre a terra.”
Mimnermo, excerto (Trad. de Mª Helena da Rocha Pereira)

Imagem Google
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!

A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave
João de Deus, Campo de Flores (excerto)
“Leve, breve, suave,
Um canto de ave
Sobe no ar com que principia
O dia.
Escuto, e passou...
Parece que foi só porque escutei
Que parou.”
Fernando Pessoa (excerto)

"Nada existe duradoiro no mundo,
dizia; e por isto se rege a
nossa vida terrena, a dinastia
e as crenças que julgamos favoráveis
à verdade de sempre.
Porque
cada dia que passa vai trazendo
coisas novas e mostra a minha
necessidade no dia passado. E
a maior inquietação transforma-
-se na tranquilidade."
João Miguel Fernandes Jorge

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