quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Quem sabe para onde vai o tempo?

Em 1969, Sandy Denny e os Fairport Convention gravavam uma das mais extraordinárias canções de sempre, intitulada Who knows where the time goes?



Vem isto a propósito das muitas vezes que ouço dizer a pessoas de gerações diferentes que o tempo “passa cada vez mais depressa”. Dias, semanas, meses e anos sucedem-se agora a um ritmo muito mais rápido do que há algum tempo atrás. Às vezes parece mesmo que andamos a correr atrás de um tempo que nos escapa sempre e chegamos ao fim do dia cansados e insatisfeitos porque, apesar da correria constante, não fizemos nem metade do que pretendíamos. É uma simples percepção do senso comum mas que, curiosamente, até os mais jovens referem com alguma frequência.

Ora, numa dessas mensagens de e-mail que circulam aí por meio mundo, recebi uma explicação para este fenómeno. Ignoro se terá fundamentos científicos sólidos ou se é apenas verosímil. Achei-a sobretudo curiosa porque encaixa nesta percepção tão generalizada de que o tempo está a passar mais depressa que o habitual.

Chama-se “teoria de Schumann” e diz que, em 1952, o físico alemão que lhe deu o nome verificou que a Terra está cercada por um campo electromagnético situado a cerca de cem quilómetros da superfície do planeta, o qual possui uma frequência mais ou menos constante de 7,83 hertz (pulsações por segundo) e funciona como um verdadeiro metrónomo da biosfera. Concluiu ainda Schumann que todos os seres vivos e sistemas ecológicos funcionam nesta frequência biológica - espécie de biorritmo natural - incluindo o nosso próprio cérebro. Ao que parece, as viagens espaciais comprovaram esta teoria, pois quando os astronautas ficavam fora do seu alcance adoeciam e, quando submetidos à acção de um simulador desta mesma frequência electromagnética recuperavam a saúde.

Parece também que, desde a década de 80 do século passado, que os valores desta frequência de Schumann têm vindo a subir e já estão agora perto dos 13 hertz. Segundo esta teoria é como se a frequência cardíaca da Terra estivesse demasiado alta, provocando assim os desequilíbrios ecológicos que temos vindo a sentir nos últimos anos: maior actividade sísmica e vulcânica, aumento das tensões e conflitos no mundo, maior frequência de comportamentos desviantes nas pessoas e nos próprios animais. Com esta aceleração do ritmo da frequência de Schumann, as 24 horas do dia acabam por representar apenas 16 horas de tempo útil. A tal sensação generalizada de que o tempo está a passar demasiado rápido ficaria assim explicada.

Teorias mais ou menos científicas à parte, certo é que o superorganismo vivo que é a Terra está desequilibrado e doente. Se ela vai reencontrar ou não o equilíbrio perdido, se o vai fazer com a nossa ajuda ou sem ela, é ainda cedo para se saber. Por isso, a poética interrogação de Sandy Denny, feita há já quarenta anos, mantém toda a sua pertinência e beleza:

And I am not alone
While my love is near me.
I know it will be so,
Until it's time to go.
So come the storms of winter
And then the birds in spring again,
I have no fear of time,
For who knows how my love grows?
And who knows where the time goes?