terça-feira, 12 de julho de 2011

Antes e depois

Quando vejo um anúncio assim



e quando penso na quantidade impressionante de meios humanos, financeiros e tecnológicos - para já não falar das arrojadas piruetas de imaginação e criatividade e da quantidade de tempo dispendido para o concretizar - utilizados apenas para publicitar um simples telemóvel, dou comigo a pensar: estará tudo doido?

Por causa do telemóvel há por aí muita gente atolada em dívidas que não vai conseguir pagar só para poder comprar a crédito a coqueluche  de última geração, há até gente com bens penhorados porque há muito já que deixou de conseguir pagar as pesadas contas da autêntica orgia comunicacional de mensagens e chamadas 24 horas por dia. A tal ponto que é legítimo perguntar como é que ainda conseguem trabalhar e cumprir as tarefas do dia-a-dia, muitos até a ter que lidar com vários telemóveis em simultâneo, um de cada rede!

É caso para perguntar como é que vivíamos antes do aparecimento do telemóvel nas nossas vidas? Como é que era possível viver sem tal objecto? 

Mas acho cada vez mais que a grande diferença reside muito neste simples facto: antes do telemóvel, cruzávamo-nos na rua com algumas pessoas que falavam sozinhas. Eram os chamados maluquinhos. Agora, graças ao dito cujo, cruzamo-nos na rua com algumas pessoas que não vão a falar sozinhas.

Tornou-se assim difícil distinguir os sãos dos outros (os ditos maluquinhos) ou, quem sabe, estamos já mas é todos doentes, só não temos ainda é consciência disso.

Ah, pois, o tal anúncio! Absolutamente incrível e insólito como só os bons anúncios podem ser. E este é-o de facto, ainda que anuncie apenas um... telemóvel.

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