sábado, 2 de julho de 2011

Poema sobre a recusa

Jean Metzinger, Landscape, 1912






















Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda

Maria Teresa Horta, O nosso amargo cancioneiro,
Livraria Paisagem, 1973

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