domingo, 24 de julho de 2011

Extremos que geram extremistas

Sociedades altamente individualistas em que cada um vive isolado na sua própria bolha pessoal, cada vez mais extremadas do ponto de vista social e económico, decadentes do ponto de vista civilizacional, em crise de valores, mais ainda do que em crise económica e financeira, têm certamente maiores probabilidade de gerar figuras como a de Anders Breivik. A frase que registou no Twitter - “Uma pessoa com convicções equivale à força de 100 mil pessoas que só têm interesses” - tornou-se ontem uma amarga realidade mas é, sobretudo, de uma força e de uma verdade arrepiantes. Nela ecoa a frase pronunciada por Timothy McVeigh a propósito do atentado de Oklahoma: “O importante é que uma pessoa pode fazer a diferença” (para pior, sobretudo). Não só, mas também por isso, há um claro paralelismo entre os dois atentados.

Mas a tal frase revela ainda como as sociedades ditas desenvolvidas, altamente organizadas e estruturadas, estão, afinal, tão vulneráveis à violência sem sentido como quaisquer outras. Só que esta violência, gerada no silêncio e no anonimato das próprias nações, dói mais ainda. É mais fácil lidar com ela quando há um bode expiatório exterior para onde canalizar a raiva e a revolta das pessoas. Porém, como as coisas estão, infelizmente, o mais provável é que seja só uma questão de tempo até aparecer o próximo extremista interno aí num outro país qualquer. Até no nosso.

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