Mesmo a braços com a crise económica e o aperto financeiro ainda sem fim à vista, o novo governo da nação ainda tem tempo para pensar no dress code dos funcionários do Ministério da Agricultura: sem gravata para, supostamente, poupar no ar condicionado. Só ainda não percebi como é que vai ser no inverno para poupar no aquecimento, mas talvez uma mantinha para as pernas ou algo assim... E, claro, os secretários de estado apressaram-se a dar o exemplo, já que a Sra. Ministra está, naturalmente, fora desta questão de indumentária (ver aqui).
Talvez aproveitando a onda, também a Universidade Católica sugeriu agora aos seus alunos que se vistam com "a dignidade indispensável a uma universidade e a uma instituição da Igreja", ou seja, com menos partes corporais ao léu. E apela até a que os infractores sejam chamados à atenção pelos seus pares: "todos os responsáveis pela salvaguarda do ambiente e da imagem da universidade nas suas instalações e no espaço Campus universitário, devem chamar a atenção dos que se apresentarem de maneira imprópria". Só não percebi ainda muito bem é a relação existente entre a maior ou menor informalidade do vestuário e a qualidade das aprendizagens dos estudantes. Mas alguma deve existir, nem que seja só nas cabeças pensantes do Conselho Académico que emitiu a recomendação...
Assim sendo, podemos concluir que se alguma aluna se apresentar na universidade com um véu de renda sobre os cabelos, como faziam as senhoras quando iam à missa, ou como fazem ainda hoje quando estão perante o Papa, será apontada como um bom exemplo de recato, muito adequado, aliás, a uma instituição católica?
Assim sendo, podemos concluir que se alguma aluna se apresentar na universidade com um véu de renda sobre os cabelos, como faziam as senhoras quando iam à missa, ou como fazem ainda hoje quando estão perante o Papa, será apontada como um bom exemplo de recato, muito adequado, aliás, a uma instituição católica?
Então e se uma aluna muçulmana se apresentar com um véu integral, ou mesmo uma burka, numa qualquer universidade portuguesa, dizendo que o faz porque a sua religião assim o determina? Ou um aluno sique de turbante e longas barbas? Ou uma aluna de sari colorido? Ou um hare krishna, envolto apenas numa tira de pano branco? E já agora, se algum funcionário do ministério da agricultura gostar de usar gravata? Qual vai ser o dress code a aplicar nestas situações?
Num país socialmente estratificado - os cada vez mais pobres e os cada vez mais ricos -, tudo isto pode até ser apenas ridículo e /ou mesquinho, mas também pode ser o primeiro sinal de intolerância característica de uma sociedade em grande aperto financeiro. É pois, a todos nós, cidadãos, que cabe a responsabilidade de não permitir que tudo isto seja outra coisa que não apenas ridículo e/ou mesquinho.
E deixo já aqui o meu contributo pessoal: que me dizem então, senhoras e senhores, deste "dress code"? Mais fresquinho, logo ecológico e económico, não há. Qual é o ministério que vai aproveitar a bela da ideia? LOL!
Num país socialmente estratificado - os cada vez mais pobres e os cada vez mais ricos -, tudo isto pode até ser apenas ridículo e /ou mesquinho, mas também pode ser o primeiro sinal de intolerância característica de uma sociedade em grande aperto financeiro. É pois, a todos nós, cidadãos, que cabe a responsabilidade de não permitir que tudo isto seja outra coisa que não apenas ridículo e/ou mesquinho.
E deixo já aqui o meu contributo pessoal: que me dizem então, senhoras e senhores, deste "dress code"? Mais fresquinho, logo ecológico e económico, não há. Qual é o ministério que vai aproveitar a bela da ideia? LOL!
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