Orada, Junho 1994
Caminha sílaba a sílaba como a fonte que só pára à boca do cântaro. Aí consente partilhar a água. À audácia dos jovens, à timidez dos que já o não são, mata a sede. Aos que tropeçam na falta de amor, aos que mordem as lágrimas em segredo, dá a beber. Leva aos lábios febris a frescura da pedra. Não deixes o medo multiplicar as garras. Sílaba a sílaba caminha até ao cântaro vazio. - Tão cheio agora!
Eugénio de Andrade, "À boca do cântaro", In Os Sulcos da Sede, FEA, 2001 |
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