Hildegard von Bingen nasceu em 1098 e viveu 81 anos de uma vida extraordinária e invulgar para as mulheres do seu tempo. Educada num convento alemão desde os oito anos de idade, do qual se tornou abadessa em 1136, dedicou quase toda a sua vida à escrita e à música. Tinha visões que lhe permitiam adivinhar o futuro e compreender coisas que outros não conseguiam. Com base nelas escreveu o seu primeiro livro intitulado Scivias (Conhecer os caminhos), que o próprio Papa Eugénio III leu e admirou. Depois, continuou a escrever sobre as suas visões e profecias: O livro dos méritos da vida e O livro das obras divinas. Estudou medicina e observou sempre muito atenta os fenómenos da natureza. Sobre tudo isso também escreveu pelo menos dois livros. Para as monjas do seu convento escreveu 77 cantos litúrgicos em latim de uma beleza, serenidade e arrebatamento impressionantes.
Acerca deles Hildegard escreveu: “Sem música, as palavras são como conchas vazias. Elas ganham vida à medida que vão sendo cantadas, porque as palavras são o corpo e a música o espírito.”. Oitocentos anos depois, Richard Souther redescobriu os cantos de Hildegard e fez uma inspirada ponte musical entre tempos, pessoas e visões do mundo, que não me canso de ouvir.