Quase todos conhecemos, apenas da teoria ou, se calhar alguns também da prática, a experiência da rã que, colocada no copo com água muito quente, salta imediatamente, mas que, se for colocada em água fria e depois levada a lume brando, acaba por morrer cozida já que a sua reacção ao aumento da temperatura é como que anulada pela progressiva habituação do organismo ao aumento gradual da temperatura.
Ora esta cruel experiência animal bem pode ser aproximada à representação de Jerónimo Bosch, para constituir a parábola dos dias que vivemos: Portugal transformado num caldeirão cuja água já está bem mais do que tépida e onde começamos todos a sentir algum incómodo.
O problema é que, mesmo percebendo que é preciso dar o salto para salvar a vida, a esmagadora maioria não vai fazê-lo porque:
não pode, não quer, não está para isso, não quer saber, ainda não deu por nada, acredita que alguém, ou algo, vai apagar o lume antes do ponto de cozedura, acredita que tudo acabará bem, não acha possível que façamos isto ao nosso próprio país e povo, vai acontecer um milagre, é o nosso fado, é a crise internacional, a UE não deixa ferver o caldeirão, se sente bem instalada, tem muito a perder, não consegue ou não tem força de vontade, etc. etc.
não pode, não quer, não está para isso, não quer saber, ainda não deu por nada, acredita que alguém, ou algo, vai apagar o lume antes do ponto de cozedura, acredita que tudo acabará bem, não acha possível que façamos isto ao nosso próprio país e povo, vai acontecer um milagre, é o nosso fado, é a crise internacional, a UE não deixa ferver o caldeirão, se sente bem instalada, tem muito a perder, não consegue ou não tem força de vontade, etc. etc.
Sempre quero ver é o que vai acontecer quando a água começar mesmo a ferver...