quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vem, vento, varre!

Vem, vento, varre
Sonhos e mortos.
Vem, vento, varre
Medos e culpas,
Quer seja dia
Quer faça treva,
Varre sem pena,
Leva adiante
Paz e sossego,
Leva contigo
Nocturnas preces,
Presságios fúnebres,
Pávidos rostos
Só cobardia.

Que fique apenas
Erecto e duro
O tronco estreme
De raiz funda,
Leva a doçura,
Se for preciso:
Ao canto fundo
Basta o que basta.

Vem, vento, varre!

Adolfo Casais Monteiro