Olho e, de repente, parece que a planície se desnudou para conseguir suportar o calor das tardes. Já nem a rasa penugem loura do pasto se vislumbra na superfície curtida pelo sol e pela sede. Com os regos escalavrados da antiga seara atravessados no espaço da janela à minha frente, lembra uma grossa e rugosa folha de papel pardo. A terra espera há já muito tempo que a chuva venha apagar das suas linhas esboroadas a memória das searas passadas para poder (re)começar tudo de novo. Mas, por estas tardes quentes, a seara futura cresce ainda e apenas na fértil imaginação dos homens.