sábado, 18 de setembro de 2010

O drama existencial em cena no palco das nossas vidas














O mundo inteiro é um palco.
Todos os homens e mulheres não passam de actores,
Têm as suas entradas e as suas saídas;
E na sua vida um homem desempanha muitos papéis;
Os seus actos têm sete idades. Primeiro, a criança,
Gritando e babando nos braços da ama.
Depois o aluno chorão, com a sua pasta
E a sua brilhante face matinal, vai-se arrastando como um caracol
De má vontade para a escola. E depois o apaixonado
Suspirando como uma fornalha, com uma balada triste
Composta para a sobrancelha da sua namorada. Mais tarde um soldado,
Cheio de estranhos juramentos, e barbado como um leopardo,
Zeloso da honra, e violento e rápido na luta,
Buscando a bolha de ar que é a fama
Até na boca do canhão. E depois a vez do juiz,
Com sua barriga redonda recheada por um bom capão,
De olhos severos e a barba de corte formal,
Cheio de sábios refrões e exemplos modernos;
E assim representa o seu papel. A sexta idade se transforma
Em calças largas e chinelos,
Com óculos no nariz e a bolsa do lado,
Os seus calções da juventde, bem conservados, demasiadamente largos
Para as suas magras canelas; e sua forte voz viril,
Transformando-se novamente em falsetes infantis, apita
E assobia o seu som. A última cena de todas,
Que põe fim a esta estranha história cheia de acontecimentos,
É uma segunda infância e um simples esquecimento,
Sem dentes, sem olhos, sem paladar, sem nada.

William Shakespeare