Évora, 10/10/10 |
Durante a tarde, no espaço de uma hora, a cidade enfeitou os telhados com uma bandolete em forma de arco-íris e, logo depois, a primeira vaga de formigas aladas desaguou pelas ruas e encheu as paredes caiadas, as portas, as janelas e o próprio chão de pontos negros. Parece uma maré viva de insectos mas, quando afinamos o olhar, percebemos que muitas estão já mortas e as outras agonizam à sua volta como se, num pacto suicida, se tivessem atirado propositadamente contra os muros para morrer. As formigas de asas são a carne para canhão destas primeiras chuvadas de outono.