segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Romance a 72 mãos

Trinta e seis escritores de língua inglesa (uns mais conhecidos do que outros), reunidos em Seattle para a Arts Crush Literay Week (http://www.artscrush.org/), aceitaram o desafio arriscado de escrever, em conjunto e ao vivo - para todos vermos como é que se faz e aprendermos também a fazer - um romance de 60 mil palavras em seis dias. Assim se pode resumir o projecto “The Novel: Live!”, cujo trailer revela bem a espectacularidade de que o evento está já rodeado:


As linhas orientadoras da história que vai ser contada – personagens, temas, espaços – foram apresentadas ontem ao fim da tarde e o primeiro escritor sentou-se ao computador hoje às 10 horas no palco do Richard Hugo House. Até ao próximo dia 16 de Outubro, data limite para a sua conclusão, de duas em duas horas, um autor assume a tarefa de se sentar ao computador para escrever ao vivo o romance, numa autêntica maratona de escrita com resultados não apenas incertos, mas também imprevisíveis.

O público pode assistir ao trabalho criativo dos escritores “ao vivo”, através de um ecrã gigante colocado na sala e também é possível visionar tudo na internet no sítio http://www.thenovellive.org/. Espectadores e internautas estão autorizados a comentar e a dar sugestões, inclusivamente para a capa. Se tudo correr bem, no final, o público poderá adquirir o e-book em vários formatos, com o apoio da Amazon.

Garth Stein, um dos organizadores do projecto, e que também nele participa como escritor, revelou que no início pensaram que era impossível concretizar com sucesso uma tal ideia, mas depois aperceberam-se que todos os autores pensavam assim sempre que se decidiam a escrever um livro. Mas, no final, o livro estava escrito. Por isso decidiram avançar.

Este tipo de projecto de escrita colectiva não é novo mas, até agora, os resultados conseguidos não foram brilhantes. Foi o caso, por exemplo do projecto de romance colaborativo “A Million Penguins” da editora Penguin, sobre o qual o próprio editor, John Mackinson, declarou que “Era mesmo terrível”. No entanto, a enorme adesão à fase criativa do projecto revelou como as pessoas estão hoje ávidas de participar em projectos criativos e como se interessam e muito pela própria escrita. E o sucesso dos cursos ditos de “escrita criativa” aí está para o confirmar.

Resta-nos desejar a todos os autores participantes um bom e inspirado trabalho e aguardar pacientemente pelo resultado final. Até lá podemos ir espreitando por cima do ombro dos autores, uma vez que aqui a curiosidade não “mata o gato”, bem pelo contrário.