Computadores e internet permitem hoje aceder aos mais variados sítios (reais e virtuais), informações, pessoas (e personalidades) e documentos. Na sociedade da informação online o conceito de “biblioteca” mudou radicalmente. E para bem melhor.
Exemplo disto mesmo é a digitalização e disponibilização online de toda a biblioteca particular de Fernando Pessoa, ao todo 1142 volumes, constituída entre os anos de 1898 e 1935 no endereço http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/bdigital/index/index.htm
À semelhança do seu proprietário também ela tem óbvia vocação universalista, pois é constituída por obras de todos os géneros, escritas em diversas línguas, todas elas anotadas à mão pelo próprio Fernando Pessoa.
Inês Pedrosa, a actual directora da Casa Fernando Pessoa, refere na página de entrada que “... uma biblioteca desta importância devia tornar-se património da humanidade” e Jerónimo Pizarro – um dos três autores do projecto – diz também numa nota prévia: “Que leu Pessoa? Com que propósitos? Estas são algumas das perguntas que agora se podem começar a formular com mais assiduidade.”
Esta curiosa biblioteca surge-nos classificada por categorias temáticas e inclui ainda poemas e ensaios manuscritos pelo autor nas páginas de guarda de muitos dos livros. É possível pesquisar por autor, ano, ordem alfabética e por tema (religião, psicologia, etc.). Os autores do projecto acrescentaram ainda interpretações para determinados aspectos das obras, bem como informações sobre estudos e bibliografia. É também possível fazer o download das obras completas em formato pdf.
Abre-se assim mais uma janela para iluminar o labirinto da mente de Fernando Pessoa(s). Mas o melhor de tudo é pensar que por mais janelas que se abram, nunca se desvendarão por completo os mistérios da sua complexidade. Até porque, como elae próprio escreve em Isto:
Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
In Cancioneiro
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