sábado, 20 de março de 2010

Antecipar futuros (im)possíveis

Muitos são os que, ao longo dos séculos, têm tentado prever o que o futuro nos reserva. A Biblioteca Nacional de França possui uma colecção de gravuras datadas de 1910 (não consegui descobrir a sua autoria) que retratam como seria a vida no ano 2000. Uma década depois do início do novo milénio não deixa de ser bem curioso o confronto com as antecipações de há um século.

1) Um dos aspectos mais relevantes destas antevisões prende-se com a substituição em muitas tarefas dos homens por máquinas ou robôs. De facto, é hoje cada vez maior a robotização do trabalho, embora não forçosamente nas áreas aaqui apresentadas:

2) Uma outra característica importante é a “velocidade”, o andar mais depressa. São curiosos os patins (embora talvez um pouco perigosos) e os carros voadores tão frequentes na ficção científica, mas que ainda terão que esperar por tecnologia mais avançada.

3) Também a educação apresenta uma particularidade interessante: as aulas leccionadas com recurso a tecnologia. Tendo em conta que temos aí um certo 'Plano Tecnológico' a “modernizar” as escolas, introduzindo a net em todas as salas bem como quadros interactivos, podemos, sem grande esforço, pensar que esta é uma antevisão em fase de concretização. Agora que é novidade, os alunos andam muito entusiasmados. Quando já for uma coisa habitual e a rotina se instalar talvez venham a ter no rosto uma expressão tão 'contente' como a dos alunos representados na figura.


4) Mas a previsão que, para mim, é mais relevante relaciona-se com a comunicação. Previa-se que tudo passasse muito pela comunicação à distância e, sobretudo, recurso à tecnologia. Aqui, o ilustrador acertou em cheio. Cada vez mais as pessoas falam por intermédio do telemóvel e da net, e muitas preferem mesmo fazê-lo por esta via, por ser claramente mais fácil do que dar a cara perante o outro. Esta nova forma de comunicação tem ainda a vantagem de permitir o uso de verdadeiras máscaras que escondem a realidade: os nicknames e avatares mais não são do que isso mesmo. Neste espaço virtual da comunicação cada um pode ser tudo o que quiser, escapando assim aos limites e às limitações do seu verdadeiro eu. Como quase tudo na vida não é nem melhor, nem pior. Depende do que se fizer com isso.